A escolha pela vida e por tentar ser feliz, ou se considerar feliz, é
escolher, entre outras opções, por pensar a vida como um presente
divino ou então não pensá-la de forma alguma; apenas viver e continuar
querendo a vida.(ai embaixo vem minha contradição)
Hoje é o dia de estar naquele mesmo lugar de antes, mas com novas pessoas.
Não farei parte do público pela terceira vez.
E o que sinto é apenas um leve pesar.
A solidão não é estar sozinho. Absolutamente. Tem a ver com não
corresponder, não ter com quem e o que corresponder. Depender de uma
afirmativa de três letrinhas não pode ser viver. Deve ser qualquer
coisa que lembre sumir. Não há entorpecente, não há mentira que faça
sentir qualquer coisa. Nem dor, nem contentamento. Apenas um grande
nada. À procura. Da Morte Feliz. Para sempre. Não ter uma super
banheira e não conseguir pensar em morrer, sem afetação alguma. E não é
por nada, não é por não ter o que se quer, é por não ver o menor
sentido em atos, palavras e negativas próprias. É por não querer.
Querer ter a mesma força de pensamento dos imbecis e não ter
memória curta. Pior é ver os acontecimentos e começar a adivinhar o que
vem depois sem o menor esforço. Sentir nunca foi saber.
Minha vida...
a internet e a TV
a vida que passa e a que não passa
o pensamento do absurdo e os demais livros de coleção
os animais, crianças, adultos e velhos
os carros de todas as marcas, modelos e cores
o concreto da calçada, os bancos, as quadras do Distrito Federal
a comida natural, os alimentos cancerígenos e radicais livres
as dores de cabeça, as cabeças saudáveis, olhos e bocas
a arte embutida, a expressividade, a vida, as casas de cultura de toda a América Latina
os telefones, as mídias, os meios de comunicação
a ordem, a lógica, os pedidos
as casas, os apartamentos, os prédios e as salas comerciais
as cores vermelhas, aveludadas, os cheiros, as tintas e nuances
os cabelos compridos, os ralos, barba e bigode
as viagens, as cidades, os eventos
o dormir e o acordar
os meses de junho e julho, os meses de setembro, outubro, novembro, dezembro, janeiro, fevereiro, março, abril e maio.
Eu não quero ver isso passar, eu quero que passe.
Não quero ser melhor, quero ficar melhor.
Visito
cemitérios sem flores e o fantasma sou eu. Não canso de gastar a
gasolina do meu carro ( nem tenho carteira, nem sei dirijir...) para visitar lugares mortos. Azar de quem tem
memória, azar de quem vai viver mil anos.
Não, realmente não se trata de uma conspiração do mundo contra mim. É
exatamente o fato de não haver uma conspiração o ingrediente de pura
maldade que faltava.
Covardia é achar que abaixou a cabeça
para quem quer que seja e não assumir que esteve por aqui enquanto era
agradável – e útil – estar. Covardia é não saber o quanto de mal se
pode fazer a alguém, não ter idéia e não querer mesmo saber. Covardia é
impor, mostrar uma felicidade íntima a alguém que simplesmente já
morreu, a alguém que não agüenta mais a não-conspiração – contra – do
mundo.
Eu já passei dessa fase há pelo menos dez anos. De
saber a verdade. Quando o erro maior é acreditar no que alguém que
detém a verdade te fala e no fim, ironicamente, no resultado mais
clichê de todos, descobrir que era tudo mentira, da mais barata de
todas, que te faz achar que a conspiração do mundo existe e está a
favor de quem acreditou.
Antes que eu me esqueça; existe uma
coisa chamada "força de expressão". Dizer que queremos que alguém
morra, não significa que essa pessoa vá morrer. Também não quer dizer
que realmente queremos. Eis uma verdade inquestionável que está,
inclusive, em qualquer dicionário.
Todos, absoutamente todos, podem começar tudo de novo.
Repetir os melhores erros da vida.
Até agora só o não-agir é inofensivo.
Qualquer que seja a atitude, é preciso dois.
Temos apenas um. Vazio.
Ontem foi o que bastou.
Hoje, mais nada. Amanhã, pior. Dane-se
Isso tudo azedou, apodreceu e vai virar adubo. Eu não quero mais agora.
Que merda de dor.
O prazer da verdade, também ninguém mais vai ter. Não vou mais dizer o
que realmente sinto, o que realmente penso. A verdade está comigo e
deve continuar assim.
Porque eu não consigo mais achar bonito ser maltratada por QUEM NÃO ME CONHECE.
O que eu quero agora é me esforçar para acreditar que me enganei
profundamente com tudo o que aconteceu a enlouquecer tentando me
convencer que sim, aquilo foi real, mas acabou assim.
Era tudo
mentira, a mais pura mentira. O mundo está cheio de grandes mentirosos
e pronto. Não acreditar facilmente. Mentir mais que os outros. Temos
opções não-livres.
Com tapas na cara, água fria para acordar.
Já
não tenho mais febre e, posso dizer, não sofrerei uma crise de asma.
Como castigo, serei a pessoa mais saudável e feliz. Um princípio
básico, a autodestruição sem fim, vias tortuosas, a contradição.
Por
certo, o ponto de vista primordial de que todas as pessoas são iguais -
exceto uma - foi provado. Podia ser eu, o vizinho, o mendigo, o menino
rico, a colega, a gorda, a louca. E esta vitória levarei comigo, agora
que nada me resta.
Sem perceber, deixou que a dor tomasse o seu corpo de uma vez. Foi sem
aviso, sem defesas, que todo aquele tremor nas mãos, a dilacerante dor
no estômago e a vontade de gritar, voltaram. Pega de surpresa, de
pijamas e descalça, ficou imóvel por mais de uma hora.E quem disse que a dor faz alguém crescer?
Se cada vez mais é com a dor que eu quero mais e mais o que eu não posso ter. Nada de ser melhor. Sempre pior.
Mas nem a certeza de que isso tudo vai passar me faz ficar bem, porque,
em todo caso, se passou é sinal de que eu queria não pôde ser. A cada
sensação boa qualquer, duzentos mil pesamentos ruins me lembram que
isso tudo vai ser SUPERADO. Como eu odeio a idéia ter superado algo,
superado o fato de não ter vivido o que eu queria viver.
Mas agora eu já sei que tudo é inútil, inclusive encher o coração de esperança, espiritualizar o que quer que seja.
Nem precisa dizer as horas.
A ânsia ainda não passou,
A vida ainda não melhorou.
Quem quero enganar se não me sinto nada bem?
Mosquito
Mala
moinho
matéria
modernismo
molécula
O
outro que delimita as possibilidades de um. E tudo fica mais
confortável se não se está perdido no vazio, mas amparado em um canto
certo.
Eu odeio as mil possibilidades. Eu odeio a dor no meu estômago. Eu odeio o vazio em que me meti.
Eu não conheço todas as pessoas do mundo, mas sei de uma que não é como
todas as outras, não é ninguém (alguém, alguém, alguém) e devia estar
no mundo assim que eu abrisse os olhos novamente.
Eu também não tenho nada a dizer e espero continuar assim até que as negações sejam vazias. Para mim.
Talvez desconhecidos tenham a capacidade de intervir. Passarei de casa em casa com folhetos explicativos.
De precisar descontar algo em alguém.
De não ter mais nada e não querer pensar.
De achar que esperar é melhor do que sumir.
De
voltar no tempo como em qualquer filme barato e ir contando os boçais
erros do dia-a-dia. O pior: querer voltar para consertá-los.
Praticamente um pokémon.
De querer jogar fora uma máquina
inteira; com teclado, monitor, CPU simplesmente porque ela tem uma cara
de quem não quer fazer amigos.
Não faça ninguém nunca na vida pensar que tudo é bom e vale a pena, se
você mesmo não tiver certeza disso. A minha mediocridade é maior ainda
quando todos estão longe. Se um dia eu quiser que tudo acabe bem,
alugarei um filme.E não tem diferença de gosto. Tudo é um lixo.
Não é verdade que eu não preciso de ninguém, se um dia eu fiz
parecer. Eu preciso de volta da única novidade que tinha aqui no meio
de tanta coisa ruim. Tenho inveja de todas as pessoas desconhecidas, o
passado delas está zerado, e, no futuro delas, pode estar incluída
qualquer coisa que as ligue à minha novidade.
Mais ou menos
assim ininteligíveis que as coisas são mesmo. É idiota passar frio com
o cobertor ali do lado. Vai passar. Agora. Pronto.
Por fim... Ficarei off... Férias,*
"De tanto fazê-la sentir que existia para ele, acabara fazendo com que realmente existisse"
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
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