sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

O primeiro do Ano,*

A escolha pela vida e por tentar ser feliz, ou se considerar feliz, é escolher, entre outras opções, por pensar a vida como um presente divino ou então não pensá-la de forma alguma; apenas viver e continuar querendo a vida.(ai embaixo vem minha contradição)
Hoje é o dia de estar naquele mesmo lugar de antes, mas com novas pessoas.
Não farei parte do público pela terceira vez.
E o que sinto é apenas um leve pesar.
A solidão não é estar sozinho. Absolutamente. Tem a ver com não corresponder, não ter com quem e o que corresponder. Depender de uma afirmativa de três letrinhas não pode ser viver. Deve ser qualquer coisa que lembre sumir. Não há entorpecente, não há mentira que faça sentir qualquer coisa. Nem dor, nem contentamento. Apenas um grande nada. À procura. Da Morte Feliz. Para sempre. Não ter uma super banheira e não conseguir pensar em morrer, sem afetação alguma. E não é por nada, não é por não ter o que se quer, é por não ver o menor sentido em atos, palavras e negativas próprias. É por não querer.
Querer ter a mesma força de pensamento dos imbecis e não ter memória curta. Pior é ver os acontecimentos e começar a adivinhar o que vem depois sem o menor esforço. Sentir nunca foi saber.
 Minha vida...
a internet e a TV
a vida que passa e a que não passa
o pensamento do absurdo e os demais livros de coleção
os animais, crianças, adultos e velhos
os carros de todas as marcas, modelos e cores
o concreto da calçada, os bancos, as quadras do Distrito Federal
a comida natural, os alimentos cancerígenos e radicais livres
as dores de cabeça, as cabeças saudáveis, olhos e bocas
a arte embutida, a expressividade, a vida, as casas de cultura de toda a América Latina
os telefones, as mídias, os meios de comunicação
a ordem, a lógica, os pedidos
as casas, os apartamentos, os prédios e as salas comerciais
as cores vermelhas, aveludadas, os cheiros, as tintas e nuances
os cabelos compridos, os ralos, barba e bigode
as viagens, as cidades, os eventos
o dormir e o acordar
os meses de junho e julho, os meses de setembro, outubro, novembro, dezembro, janeiro, fevereiro, março, abril e maio.
Eu não quero ver isso passar, eu quero que passe.
Não quero ser melhor, quero ficar melhor.
Visito cemitérios sem flores e o fantasma sou eu. Não canso de gastar a gasolina do meu carro ( nem tenho carteira, nem sei dirijir...) para visitar lugares mortos. Azar de quem tem memória, azar de quem vai viver mil anos.
Não, realmente não se trata de uma conspiração do mundo contra mim. É exatamente o fato de não haver uma conspiração o ingrediente de pura maldade que faltava.

Covardia é achar que abaixou a cabeça para quem quer que seja e não assumir que esteve por aqui enquanto era agradável – e útil – estar. Covardia é não saber o quanto de mal se pode fazer a alguém, não ter idéia e não querer mesmo saber. Covardia é impor, mostrar uma felicidade íntima a alguém que simplesmente já morreu, a alguém que não agüenta mais a não-conspiração – contra – do mundo.

Eu já passei dessa fase há pelo menos dez anos. De saber a verdade. Quando o erro maior é acreditar no que alguém que detém a verdade te fala e no fim, ironicamente, no resultado mais clichê de todos, descobrir que era tudo mentira, da mais barata de todas, que te faz achar que a conspiração do mundo existe e está a favor de quem acreditou.

Antes que eu me esqueça; existe uma coisa chamada "força de expressão". Dizer que queremos que alguém morra, não significa que essa pessoa vá morrer. Também não quer dizer que realmente queremos. Eis uma verdade inquestionável que está, inclusive, em qualquer dicionário.

Todos, absoutamente todos, podem começar tudo de novo.
Repetir os melhores erros da vida.
Até agora só o não-agir é inofensivo.
Qualquer que seja a atitude, é preciso dois.
Temos apenas um. Vazio.

Ontem foi o que bastou.
Hoje, mais nada. Amanhã, pior. Dane-se
Isso tudo azedou, apodreceu e vai virar adubo. Eu não quero mais agora.
Que merda de dor.
O prazer da verdade, também ninguém mais vai ter. Não vou mais dizer o que realmente sinto, o que realmente penso. A verdade está comigo e deve continuar assim.
Porque eu não consigo mais achar bonito ser maltratada por QUEM NÃO ME CONHECE.
O que eu quero agora é me esforçar para acreditar que me enganei profundamente com tudo o que aconteceu a enlouquecer tentando me convencer que sim, aquilo foi real, mas acabou assim.
Era tudo mentira, a mais pura mentira. O mundo está cheio de grandes mentirosos e pronto. Não acreditar facilmente. Mentir mais que os outros. Temos opções não-livres.
Com tapas na cara, água fria para acordar.
Já não tenho mais febre e, posso dizer, não sofrerei uma crise de asma. Como castigo, serei a pessoa mais saudável e feliz. Um princípio básico, a autodestruição sem fim, vias tortuosas, a contradição.
Por certo, o ponto de vista primordial de que todas as pessoas são iguais - exceto uma - foi provado. Podia ser eu, o vizinho, o mendigo, o menino rico, a colega, a gorda, a louca. E esta vitória levarei comigo, agora que nada me resta.
Sem perceber, deixou que a dor tomasse o seu corpo de uma vez. Foi sem aviso, sem defesas, que todo aquele tremor nas mãos, a dilacerante dor no estômago e a vontade de gritar, voltaram. Pega de surpresa, de pijamas e descalça, ficou imóvel por mais de uma hora.E quem disse que a dor faz alguém crescer?
Se cada vez mais é com a dor que eu quero mais e mais o que eu não posso ter. Nada de ser melhor. Sempre pior.

Mas nem a certeza de que isso tudo vai passar me faz ficar bem, porque, em todo caso, se passou é sinal de que eu queria não pôde ser. A cada sensação boa qualquer, duzentos mil pesamentos ruins me lembram que isso tudo vai ser SUPERADO. Como eu odeio a idéia ter superado algo, superado o fato de não ter vivido o que eu queria viver.
Mas agora eu já sei que tudo é inútil, inclusive encher o coração de esperança, espiritualizar o que quer que seja.
Nem precisa dizer as horas.
A ânsia ainda não passou,
A vida ainda não melhorou.
Quem quero enganar se não me sinto nada bem?
Mosquito
Mala
moinho
matéria
modernismo
molécula
O outro que delimita as possibilidades de um. E tudo fica mais confortável se não se está perdido no vazio, mas amparado em um canto certo.
Eu odeio as mil possibilidades. Eu odeio a dor no meu estômago. Eu odeio o vazio em que me meti.

Eu não conheço todas as pessoas do mundo, mas sei de uma que não é como todas as outras, não é ninguém (alguém, alguém, alguém) e devia estar no mundo assim que eu abrisse os olhos novamente.

Eu também não tenho nada a dizer e espero continuar assim até que as negações sejam vazias. Para mim.

Talvez desconhecidos tenham a capacidade de intervir. Passarei de casa em casa com folhetos explicativos.

De precisar descontar algo em alguém.

De não ter mais nada e não querer pensar.

De achar que esperar é melhor do que sumir.

De voltar no tempo como em qualquer filme barato e ir contando os boçais erros do dia-a-dia. O pior: querer voltar para consertá-los. Praticamente um pokémon.

De querer jogar fora uma máquina inteira; com teclado, monitor, CPU simplesmente porque ela tem uma cara de quem não quer fazer amigos.

Não faça ninguém nunca na vida pensar que tudo é bom e vale a pena, se você mesmo não tiver certeza disso. A minha mediocridade é maior ainda quando todos estão longe. Se um dia eu quiser que tudo acabe bem, alugarei um filme.E não tem diferença de gosto. Tudo é um lixo.

Não é verdade que eu não preciso de ninguém, se um dia eu fiz parecer. Eu preciso de volta da única novidade que tinha aqui no meio de tanta coisa ruim. Tenho inveja de todas as pessoas desconhecidas, o passado delas está zerado, e, no futuro delas, pode estar incluída qualquer coisa que as ligue à minha novidade.

Mais ou menos assim ininteligíveis que as coisas são mesmo. É idiota passar frio com o cobertor ali do lado. Vai passar. Agora. Pronto.

Por fim... Ficarei off... Férias,*

"De tanto fazê-la sentir que existia para ele, acabara fazendo com que realmente existisse"

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