segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

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Volto aqui aparentemente sem motivo. Volto porque quero, porque sei viver. Porque não resisto à vida. Coragem, sempre. Sinto falta, a minha memória auditiva e suas contradições, quero sim o silêncio de volta. E me ocupo em viver essa minha vida sem qualidade, mas de muito bom gosto. Sem pitangas a se chorar, é assim que me ensinaram. Enfrento o próximo passo e não me envergonho de desaparecer das fuças, vistas, isso aí, as pessoas. Até tentei, mesmo que as previsões, que só funcionam para iguais, tão acertivas previsões, me digam para desviar disso aí. Acredite, uma luz insiste. Não duvide, mentira. Não é mal desejar uma outra vida. Exceto que não há garantias. Me deixo em paz, me faço dormir 15 anos se quiser. Não sei.
Talvez. Talvez eu não seja esta a quem as palavras são dirigidas. Ou não seja eu a preencher expectativas. Demasiadas expectativas de não ver, não ler e não ouvir. É possível que cretinice seja apenas uma palavra feia, e que, nos dias de hoje, todos sejam realmente felizes. Pode ser que eu não dure assim, uma semana. Cansaço. Por pouco as desgraças mundiais podem muito bem ter sido merecidas. Não sei. E pode ser que algum dia eu tenha a chance de praticar horários comerciais, que tire férias dentro de dois meses. Ainda vou descobrir, quem sabe, o que há de tão ruim em duas horas de solidão. Me parece que ninguém deveria dizer algo quando nada foi perguntado. Não responda, portanto. A arte de ser desnecessária.

Certeza que eu (também) tinha que aprender a rir de tudo isso. Das horas a mais, das horas extras, das horas de morte. Preciso me mudar, duvido.
E depois de tudo, o silêncio. Mas daquele que eu gosto, com indícios, ecos e, hum, cenas. As pessoas que vivem por viver, e nem pensam na hora de apertar o botãozinho da ação e sair por aí fazendo merda. A elas, nada posso dizer. Se elas pudessem ouvir, talvez eu só dissesse para viverem realmente. Menos brutalidade, menos vaidade. Só um pouco menos.E eu, que (vivo) querendo congelar as mais belas cenas.
Já sei que não posso. Agora aprendi a ver o tempo passar e passar, só. Nem lembrança, nem esquecimento. As coisas belas. Sorte de quem entende os covers do Renato Russo. Borboletas, certezas que armazeno no estômago mais que perfeito que arranjei para mim agora. O estencil na parede já ganhou a minha simpatia, e nem vai perder. Talvez ele seja a minha memória. É só disso que o mundo precisa, a simpatia geral, como se não houvesse amanhã. E ainda me disseram outro dia que eu gosto de quem acredita. Eu acho é que na verdade quem acredita sou eu -também? E talvez eu devesse parar de escrever. Bobagem.