terça-feira, 16 de março de 2010

Culpa,*


  
Guia-me pelas veredas da justiça por amor
do seu nome. SALMOS 23.3

Deus está planejando uma festa - uma festa para festa
nenhuma botar defeito. Não uma festinha de biscoitos, mas
um banquete. Não risadinhas e bate-papo na sala de
conferências, mas olhos arregalados de admiração na sala
do trono de Deus.
  Sim, a lista de convidados é impressionante. Sua
pergunta para Jonas, sobre como é sofrer nas entranhas de
um peixe?Você poderá interrogá-lo. Porém mais
impressionante que os nomes dos convidados é a natureza
deles. Nada de egos, nada de poderio.
Culpa, vergonha e tristeza serão detidas no portão.
Doenças, morte e depressão serão a Peste Negra de um
passado distante. O que hoje vemos diariamente, lá, nunca
mais veremos.
  E o que hoje enxergamos de modo vago, lá, enxergaremos
claramente. Veremos a Deus. Não pela fé. Não através dos
olhos de Moisés, ou de Abraão, ou de Davi. Não por meio
das Escrituras, ou do pôr-do-sol, ou das chuvas de verão.
Veremos não o trabalho ou as palavras de Deus, mas Ele
mesmo! Ele não é o anfitrião da festa; Ele é a própria
festa. A sua bondade é o banquete. A sua voz, a música. O
seu resplendor é a luz, e o seu amor, o tema infinito da
discussão.
  Há apenas um empecilho. O preço da admissão é um tanto
alto. Para comparecer à festa, você precisa ser justo.
Não bom. Não decente. Não um contribuinte ou um devoto.
Os cidadãos do céu são justos. R-e-t-o-s.
  Todos nós, ocasionalmente, fazemos o que é certo. Uns
poucos fazem, predominantemente, o que é certo. Mas,
algum de nós faz sempre o que é certo? De acordo com
Paulo, não. "Não há um justo, nem um sequer" (Rm 3.10).
Paulo é duro quanto a isto. Ele continua dizendo, "Não há
quem faça o bem, não há nem um só" (Rm 3.12).

  Alguém pode discordar. "Não sou perfeito, Rafaella, mas sou
melhor que a maioria.Tenho me portado bem. Não quebro as
regras. Não parto corações. Ajudo as pessoas. Gosto das
pessoas. Comparado a outros, acho que posso dizer que sou
uma pessoa justa".

Retidão é o que Deus é.
Deus nunca é injusto. Ele nunca se entregou a uma decisão
errada, experimentou a atitude errada, deu o passo
errado, disse a coisa errada, ou agiu do modo errado. Ele
nunca está atrasado ou adiantado demais, nunca é
demasiadamente barulhento ou suave, rápido ou lento. Ele
sempre esteve e sempre estará certo. Ele é reto.

Quando se trata de retidão, Deus percorre a mesa como
um lance de tabela. E quando se trata de retidão, não
sabemos qual extremidade do taco segurar. Daí, a nossa
condição.
  Iria Deus, que é justo, passar a eternidade com aqueles
que não o são? 
Se Deus aceitasse o
injusto, o convite seria ainda mais amável, mas
estaria Ele sendo correto? Seria Ele justo por deixar
passar nossos pecados? Baixar o seu padrão? Não. Ele não
seria justo. E uma coisa que Deus é: justo.
Se 
somos injustos, então seremos deixados na entrada,
Ou, para usar a analogia de Paulo, "e todo o
mundo seja condenável diante de Deus" (Rm 3.19). Então, o
que vamos fazer?
  Carregar um fardo de culpa? Muitos o fazem. Muitos
mesmo.
  E se a nossa bagagem espiritual fosse visível? Suponha
que a bagagem de nosso coração fosse literalmente vista
pelas ruas. Sabe o que mais veríamos? Malas de culpas.
Bolsas estufadas com bebedeiras, explosões, e
compromissos. Olhe à sua volta. O camarada com o terno de
lã cinza? Está arrastando uma década de pesares.
O menino de calça jeans e argola no nariz? Daria qualquer
coisa para retirar as palavras que disse à mãe. Mas não
pode. Então ele as reboca adiante. A mulher num tailleur
executivo? Parece que ela poderia concorrer para
senadora. Ela preferiria correr por socorro, mas não pode
correr por nada. Não arrastando aquela mala de remorso
onde quer que vá.

Ouça. O peso do cansaço abate você. A autoconfiança
desencaminha você. Os desapontamentos desencorajam você.
A ansiedade contamina você. A culpa? A culpa consome
você.
  Então, o que fazemos? Nosso Deus é correto, e nós somos
errados. Sua festa é para os inocentes, e estamos longe
disso. O que fazemos?
Posso contar-lhe o que fiz. Confessei minha
necessidade.


E porque Deus ouve o seu apelo, ser-lhe-á dado o mesmo.
Só que Ele faz mais -

Foi, ao mesmo tempo, o momento mais belo e o mais
horrível da história. Jesus de pé, no tribunal do céu.
Passando a mão sobre toda a criação, Ele defendeu: "Puna
a mim pelos seus erros. Vê o assassino? Dê-me a sua pena.
A adúltera? Eu levarei a sua vergonha. O fanático, o
mentiroso, o ladrão? Faça a mim o que farias a eles.
Trate-me como tratarias um pecador".
  E Deus o fez. "Porque também Cristo padeceu uma vez
pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a
Deus" (1 Pe 3.18).
A vereda da justiça é uma trilha estreita, sinuosa,
subindo um monte íngreme. No cume do monte há uma cruz.
Ao pé da cruz estão os fardos. Incontáveis fardos cheios
de inumeráveis pecados. O calvário é um monte composto de
culpas. Gostaria de levar a sua para lá também?

Minha única 
contribuição foi a minha própria confissão.
  Estaremos dizendo o mesmo por toda a eternidade.

Rafinha Queiroz :)